Augusto dos Anjos (1884-1914) viveu apenas 30 anos e teve publicado um único livro em vida, ‘Eu’ (1912).
Inicialmente, não foi bem compreendido pelos críticos afeitos aos modelos parnasianos da época. Posteriormente valorizado, tornou-se um dos poetas mais lidos do Brasil.
Os poemas de Augusto dos Anjos exploram temas mórbidos, como a decomposição da matéria orgânica, e expressam, de maneira pessimista e hiperbólica, o fim dos idealismos.
PSICOLOGIA DE UM VENCIDO
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
Fonte: <https://pt.wikisource.org/wiki/Eu_(Augusto_dos_Anjos,_1912)/Psychologia_de_um_Vencido>. Acesso em: 13 maio 2022. Grafia foi atualizada.
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Fonte da imagem:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Stories_Old_English_Poetry-0179.jpg
Abby Sage Richardson, Public domain, via Wikimedia Commons.
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