‘Câmera Lenta’, de Marília Garcia

Imagem ilustrativa para o post: Câmera Lenta, de Marília Garcia.
Arpingstone, Public domain, via Wikimedia Commons

Marília Garcia é uma poeta contemporânea brasileira nascida em 1979 no Rio de Janeiro. Em 2018, com seu livro ‘Câmera Lenta’, venceu o prêmio Oceanos, um dos mais importantes prêmios literários entre os países de língua portuguesa.

Seus livros foram publicados em Portugal, Espanha, Argentina, Colômbia, Chile e Estados Unidos. [1]

Uma característica de sua poética é colar ao texto o próprio processo de criação, numa montagem que, inclusive, pode ser reformulada ou aumentada em uma nova leitura ou performance. O histórico da criação do texto se atualiza como conteúdo lírico.

Os poemas de ‘Câmera Lenta’ [2], como em outras obras de Marília Garcia, revelam estratégias de outros discursos ou linguagens — o ensaio, o cinema, a fotografia, as artes plásticas — e a interlocução com outros autores e pensadores, cujos conceitos transparecem em suas próprias experimentações estéticas. Por exemplo, o conceito de infraordinário [3] — no poema “tem país na paisagem? (versão compacta)” — e a experiência de ‘Blind Light’ [4] — no poema “um quadrado que cega”.

Outra característica são as referências a meios de transporte, especialmente o avião — como em “estrelas descem à terra (do que falamos quando falamos de uma hélice)” —, dividido em 14 partes, no epílogo do livro ‘Câmera Lenta’. Neste poema, defrontando-se com uma terrível tragédia aérea, a poeta se pergunta:

“como aceitar na vida o imponderável?”.

– – –

[1] Em: <https://www.mariliagarcia.com>. Acesso em: 15 set 2023.

[2] GARCIA, Marília. ‘Câmera lenta’. São Paulo, Companhia das Letras, 2017.

[3] O conceito de infraordinário aparece na obra ‘L’Infra-ordinaire’ (1989), de Georges Perec (1936-1982), que reúne textos anteriores sobre o tema do inventário do cotidiano: “O que acontece a cada dia e o que retorna a cada dia, o banal, o cotidiano, o óbvio, o comum, o ordinário, o infraordinário, o ruído de fundo, o habitual, como explicá-lo, como interrogá-lo, como descrevê-lo?” (PEREC, Georges. ‘L’infra-ordinaire’. Paris: Le Seuil, 2015 ‘apud’ SILVA, Andréa Catrópa da. Marília Garcia: para onde nos levam as hélices do poema? ‘Estudos de literatura brasileira contemporânea’, n. 55, set./dez., Brasília, UnB, 2018, p. 317. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/elbc/a/bVr9F3WSZvDdDBB8sS8RByQ/?lang=pt>. Acesso em: 15 set. 2023).

[4] Segundo seu criador, o artista inglês Antony Gormley, ‘Blind Light’ é uma instalação em que os visitantes se desorientam, invertendo objetivos comuns da arquitetura, como proteger, iluminar, dar segurança. “Você entra neste espaço interior que é o equivalente a estar no topo de uma montanha ou no fundo do mar. É muito importante para mim que, dentro dele, você procure o lado de fora. Você também se torna a figura imersa em um chão infinito, literalmente o tema da obra.” (Em <https://www.antonygormley.com/works/making/blind-light>. Acesso em: 15 set. 2023.)

Fonte da imagem:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Hercules.propeller.arp.jpg
Arpingstone, Public domain, via Wikimedia Commons

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Kari Shea karishea, CC0, via Wikimedia Commons
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