A desigualdade de renda (‘Income Inequality’) figura no eixo x deste gráfico, da menor (‘Low’) à maior diferença de renda entre pobres e ricos (‘High’). No eixo y está a mobilidade social, da menor à maior possibilidade de mudança na hierarquia social. Observa-se que, à medida que a desigualdade aumenta, diminui a mobilidade social. A linha é a chamada linha de regressão, um cálculo estatístico do ajuste mais comum entre as duas medidas.
Gráficos como este, utilizando índices internacionais confiáveis, são apresentados ao longo do livro de Richard Wilkinson e Kate Pickett [1], sempre com a medida de desigualdade no eixo x e outro resultado no eixo y, que pode ser: violência, expectativa de vida, gravidez na adolescência, doença mental, dependência de álcool e drogas, mortalidade infantil, obesidade, performance escolar, homicídios, taxa de encarceramento, nível de confiança, felicidade etc.
Wilkinson e Pickett colocaram neste livro os resultados de mais de cinquenta anos de trabalho considerável: suas pesquisas e descobertas usaram métodos replicáveis, foram apoiadas por times de diversas universidades, revisadas por pares e publicadas em revistas científicas.
Sua conclusão é que a desigualdade social é o fator a considerar quando se trata de libertar as sociedades, como um todo, de seu comportamento disfuncional. O crescimento ou o desenvolvimento econômico exerce seu papel, mas apenas até um limite, a partir do qual não tem efeito significativo no resultado.
Os autores exemplificam com um gráfico de expectativa de vida. Inicialmente, o aumento do padrão de vida influi na expectativa vida, especialmente considerando os países pobres. Porém, atingindo um limite, o aumento da expectativa de vida desacelera. Entre os países ricos, há países muito mais ricos que outros, porém a expectativa de vida é semelhante.
Teria a expectativa de vida atingido seu limite biológico? Não, os autores citam que o aumento de expectativa de vida continua: é de dois a três anos a cada dez anos nos países ricos, porém ‘independe’ do aumento de renda, do aumento do padrão de vida, do aumento da riqueza.
Outro exemplo: é conclusão comum que o aumento da média salarial, ou o aumento do padrão de vida, e o desenvolvimento seriam a solução para problemas como violência ou performance escolar, entre outros. Entretanto, os estudos de Wilkinson e Pickett demonstram, novamente, que o aumento do padrão de vida tem um limite de influência e pouca participação nos resultados, se comparado com o aumento da desigualdade.
Dois grupos, ‘com a mesma média salarial’, em países diferentes, serão afetados de modo diferente. Se um desses grupos, em um país, estiver localizado na parte de baixo da hierarquia social, ele estará sujeito a problemas sociais maiores. Se o outro grupo, em outro país, estiver mais acima na hierarquia, ou se o seu país apresentar menor desigualdade, ele não estará sujeito àqueles problemas. Suas pesquisas demonstraram que a escala de diferenças de renda (e não propriamente a média salarial) tem um poderoso efeito sobre como os grupos sociais se relacionam.
Ao longo do livro, os autores detalham sua lista de questões sociais, discutindo o papel da desigualdade em cada uma delas, e avaliando como sua perspectiva contribuiria para políticas públicas efetivas e sustentáveis.
– – –
[1] WILKINSON, Richard et PICKETT, Kate. ‘The Spirit Level: Why Greater Equality Makes Societies Stronger’. New York, Bloomsbury Press, 2011 [“O nível: por que maior igualdade torna as sociedades mais fortes”].
Fonte da imagem:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Social_mobility_is_lower_in_more_unequal_countries.jpg
The Spirit Level, Wilkinson & Pickett, Penguin 2009., Attribution, via Wikimedia Commons
Attribution: The Spirit Level, Wilkinson & Pickett, Penguin 2009.
Clique na imagem para apoiar.
Adquira um e-book ou livro da Jorupê e ajude a manter nossa divulgação de livros e leituras; clique na imagem.
Pa Pedroso Ateliê
Capas para livros e tablets, estojos, mochilas e bolsas de tecido artesanais; clique na imagem.