‘A mente moralista’, de Jonathan Haidt

A mente moralista. Assim como é possível visualizar o cubo de Necker de duas maneiras, alguns dilemas provocam intuições morais conflitantes.

Assim como é possível visualizar o cubo de Necker de duas maneiras, alguns dilemas provocam intuições morais conflitantes.

Em ‘A mente moralista’ — que entrou para a lista de best-sellers do jornal The New York Times em abril de 2012 —, Jonathan Haidt aplica suas descobertas em psicologia moral para investigar “por que pessoas boas são segregadas por política e religião”, que é o subtítulo do livro.

Entender o quadro de polarização a que muitas sociedades estão hoje submetidas, com apenas dois lados principais e intolerantes entre si, tem sido o desafio de pesquisadores em diversas áreas do conhecimento.

Haidt, nascido em 1963, é um psicólogo social estadunidense que vem se dedicando a desvendar como diferentes argumentações morais ou diferentes conjuntos de valores morais se relacionam a diferentes orientações políticas.

Os leitores que já conhecem alguns experimentos sociais famosos — como o experimento de conformidade, proposto por Asch, o de obediência, por Milgram, ou o de aprisionamento (“efeito Lúcifer”), por Zimbardo — encontrarão no livro vários outros experimentos psicológicos surpreendentes, reveladores do funcionamento da mente moralista, como o “efeito Macbeth”, proposto por Zhong, o dilema de Heinz, por Kohlberg etc.

Há também no texto outros elementos bastante comentados em psicologia e outras áreas, mas não menos interessantes, como a ilusão de Muller-Lyer, o cubo de Necker, a tarefa de seleção de Wason, o dilema do bonde, a história do Anel de Giges, entre outros, aplicados à psicologia moral, ao entendimento de como fazemos julgamentos e como os justificamos.

Como seria um modelo de moralidade que pudesse descrever os julgamentos no ser humano? É a razão que deve governar? Ou, na prática, são as paixões que governam? Ou, em campos próprios, tanto as paixões como a razão governam? Qual destes três modelos os experimentos psicológicos descritos no livro parecem abonar?

Teríamos, em nível inconsciente, um “sociômetro”, um “assessor de imprensa interior”, sempre diligente em justificar nossos julgamentos por meio de raciocínios ‘post hoc’? Uma bússola que revela nossa preocupação com a opinião dos outros?

Qual o mecanismo cognitivo operando quando as pessoas escolhem validar crenças ou teorias consideradas estranhas? Quais truques psicológicos usam para chegar à conclusão que desejam alcançar?

Questões como as dos três parágrafos anteriores são tratadas na primeira parte do livro, formando, por assim dizer, uma base de conhecimento teórico, mas em linguagem acessível e de tom bem-humorado.

Já tendo o leitor se familiarizado com o funcionamento da moralidade humana segundo o modelo defendido no livro (modelo social intuicionista), ele poderá averiguar como as intuições morais sobre Cuidado, Lealdade, Autoridade, Pureza, Igualdade e Proporcionalidade (Justiça) são mais ou menos priorizadas por pessoas e grupos diferentes (segunda parte do livro), e desvendar como “a moralidade agrega e cega” (terceira parte do livro). [1]

A seguir, um trecho do Sumário:

Parte I — Primeiro as Intuições, Depois o Raciocínio Estratégico

1. De Onde Vem a Moralidade?
2. O Cachorro Intuitivo e Sua Cauda Racional
3. Os Elefantes Mandam
4. Vote em Mim (Eis o Motivo)

A Parte II — A Moralidade Envolve Mais do que Dano e Justiça

5. Além da Moralidade WEIRD
6. Os Botões Gustativos da Mente Moralista
7. Os Alicerces Morais da Política
8. A Vantagem Conservadora

Parte III — A Moralidade Agrega e Cega

9. Por que Tendemos a Formar Grupos?
10. O Interruptor da Colmeia
11. Religião. É um Esporte Coletivo
12. Não Podemos Discordar de Maneira Mais Construtiva?

– – –

[1] HAIDT, Jonathan. ‘A mente moralista: por que pessoas boas são segregadas por política e religião’. Rio de Janeiro, Alta Books, 2020 [Introdução].

Fonte da imagem:
Domínio Público, <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Necker_cube.png>.

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Kari Shea karishea, CC0, via Wikimedia Commons
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